terça-feira, 25 de novembro de 2008

Obra Prima


Pois bem,

Sempre que leio algo sobre Arte existe um sentimento de que ela, a Arte, é uma soma de signos que permite a união do factual com a ficção e metaficcçao.

Seja como manifesto consciente e objetivo, seja como abstração a Arte tem o peso da responsabilidade de ir alem, de transcender a expressão.

A experiência estética decorre numa atmosfera afetiva, pois o ser humano é um ser sensível, captando cognitivamente os objetos que o rodeia através dos seus sentidos, manifestando sentimentos de alegria, de júbilo, de prazer face a estes, quer sejam de origem humana ou natural, valorizando-os afetivamente, atribuindo-lhes valor estético, elevando-os do plano da utilidade para o plano da contemplação estética.

Através da contemplação estética o sujeito participa afetivamente na contemplação do objeto, interpretando-o subjetivamente, criando ou recriando o objeto na sua psique, experimentando prazer estético, por vezes de tal forma intensa, que transcende para um outro cosmos subjetivo, criado pela sua mente, pelos seus sentimentos face ao objeto permanecendo alheio e alterno ao mundo real, no seu heterocosmos.

Acredito que a estrutura estética, ou seja, toda semiótica sensível possui a rica característica de se transformar e nos remete a premissa fundamental da Gestalt, ou seja, idéia de que o todo é mais do que a simples soma de suas partes.

Sendo assim a Arte é apenas o começo de uma revelação ilimitada.

E novamente tenho a sensação de que a Arte sempre nos induz a soma. Seja de signos, de possibilidades, enfim, a Arte ate o momento nos abre uma porta para um espaço indeterminado e vertiginoso, espaço esse que pode biologicamente levar a síndrome de Stendhal que é uma doença psicossomática bastante rara, caracterizada por aceleração do ritmo cardíaco, vertigens, falta de ar e mesmo alucinações, decorrente do excesso de exposição do indivíduo a obras arte, sobretudo em espaços fechados.

Passada essa primeira e poderosa observação da obra de Arte, apos contemplar a Arte como uma equação insolúvel, percebo que em verdade a Arte é uma redução fenomenológica que se perde na estética.

Ao analisar, ao se confrontar com a Arte, somo induzidos e muitas vezes empurrados ao mundo metafísico, enquanto que o verdadeiro sentido da arte esta justamente no sentido oposto alem da física alem da metafísica tendo como destino primeiro e final a ausência.

A Arte por trás de sua abertura fantasiosa é um convite ao esquecimento, um convite à percepção de que de fato nada existe.

A arte é a uma ponte para a percepção do espectro ausente.Quando percebemos a Arte ela se já se foi, em verdade ela nunca esteve. O que sobra são signos desarranjados que por nos elevar a metafísica nos concede essa falsa porem valiosa recompensa.

Essa obsessão pelo anseio de tocar com a ponta dos dedos a metafísica, faz com que o verdadeiro sentido da arte permaneça opaco.

As pessoas enxergam o mundo das idéias e as possibilidades infinitas, como uma vitória não só sobre o mundo físico, mas sobre a própria liberdade e individualidade e se esquecem que a própria metafísica é uma liberdade assistida e limitada e a única saída para a clausura metafísica repousa sobre o espírito ausente.